Vou Reencontrar Meu Pai

Faltam pouco mais de 4 horas para aterrissar em Boston. Depois de muitos anos, vou reencontrar meu pai.

Se você acompanha a minha saga ha tempos, ou já leu o meu livro, sabe que a nossa vida tomou caminhos diferentes desde que eu tinha cerca de 9 anos.

Quando surgiu a ideia de sair do Brasil, a primeira opção era ir morar com ele nos Estados Unidos.

Mas não rolou, pois ele estava ainda irregular por lá, e a opção que restou foi ir para a Italia, já que a gente tinha direito a tal da “cidadania italiana”.

Depois disso, nos encontramos pessoalmente apenas uma vez, há cerca de 5 anos no Brasil.

Foram anos de muita magoa, muito rancor e muita dor, e felizmente tudo isso ficou pra trás.

A maturidade me fez perceber que cada um procura fazer o melhor que pode, com as ferramentas que tem.

Há muito tempo eu não tenho nem mais magoa, nem tristeza, nem rancor.

Hoje meu coração está repleto de amor e gratidão por ele ter me dado a vida e me ensinado que a gente pode buscar uma vida melhor, mesmo que seja além das fronteiras do pais que nascemos.

Foi graças àquele “não venha pra cá” que eu fui pra Italia, fiz o meu processo de reconhecimento, me tornei especialista em cidadania italiana e o resto você já sabe…

E cá estou eu, a cerca de 3h55 minutos de reencontrá-lo, reabraçá-lo e agradece-lo por ter me permitido estar aqui neste plano.

E que lindo foi ver a reação dele quando eu disse que iriamos para os Estados Unidos e que pretendíamos também conhecer Boston.

Não apenas ficou feliz, mas prontamente nos convidou para ficarmos hospedados lá com a família (eu tenho dois irmãos que nasceram por lá e são uns fofos!).

Também estará lá no aeroporto pronto para nos receber, que sentimento maravilhoso…

Essa viagem foi pensada há alguns anos, quando estive em uma sessão de autoconhecimento e, depois de muita choradeira, ouvi a seguinte pergunta da minha terapeuta:

• Você já sentou com o seu pai e perguntou a ele os motivos que o levaram a se separar da sua mãe e escolher tomar outro rumo?

Pois é.

Eu sempre o julguei e o condenei por ter “me abandonado” quando eu era criança.

Sempre fiz questão de dizer cobras e lagartos sobre ele.

Mas a verdade é que eu nunca tive a oportunidade de sentar junto, abrir o meu coração e perguntar “ pai, o quão ruim as coisas estavam naquele momento que te levou a deixar a sua família?”.

Porque ninguém que tem uma vida feliz, simplesmente acorda um dia, levanta da cama e pensa: não quero mais nada disso, vou-me embora!

E antes que você aí esteja aflito ou aflita que eu possa ouvir algo que diferente do que eu queira, ou ainda me frustre com qualquer coisa que venha à tona, fique em paz.

Como eu disse, esse tempo já passou. 

Tudo que eu sou, a pessoa que eu me tornei…

Ter provado por duas vezes o que significa o amor incondicional com o nascimento das minhas meninas;

A chance de ter encontrado o amor da minha vida e, juntos, estarmos vivendo um sonho;

A transmissão da minha cidadania italiana, e tantas outras coisas maravilhosas não teriam acontecido se o sr. Flavio Barbiero não tivesse contribuído para a minha vinda neste mundão de Deus.

Eu o agradeço pela minha vida e por ter me mostrado que a coisa mais importante que existe é estar feliz, com quem amamos e no lugar que faz o nosso coração vibrar.

Em breve, volto aqui para compartilhar com vocês como tudo aconteceu.