O Início da Minha Saga Ainda no Brasil

A minha saga rumo ao reconhecimento da minha cidadania italiana começou no dia 30 de Janeiro de 2006.

Naquele fatídico dia eu reuni as poucas coisas que ainda restavam da minha antiga empresa, entreguei a chave do prédio ao proprietário e encarei o que já se anunciava há algum temo: eu tinha falhado.

Ou no jargão empresarial, eu estava falido.

Eu havia passado os últimos dez anos trabalhando na maior empresa de cursos profissionalizantes do Brasil.

Fui contratado como professor de informática, depois que um dos gerentes comerciais assistiu uma das minhas aulas, me convidou para fazer divulgação nas escolas e dali nasceu a paixão pelo marketing!

Em pouco tempo me tornei coordenador comercial, depois subi para a gerência, passei pela diretoria e pouco depois adquiri 50% da empresa, me tornando sócio do meu antigo empregador e infelizmente tendo que abrir mão das minhas aulas como professor, uma das atividades que mais me davam prazer.

Mas tudo isso tinha acabado, e depois de ter tomado difíceis decisões ao longo dos últimos anos, não havia como recuperar os problemas que haviam sido criados pela gestão anterior, não havia outra alternativa a não ser encerrar as atividades.

No final deste processo todo, me lembrei de uma frase que aprendi quando ainda era criança:

Nada acontece por acaso

A minha saga

AS ESCOLHAS DE VIDA

Depois de alguns meses passados, alguns trabalhos realizados e tantos quilos perdidos, estava eu na casa dos meus avós em São Paulo, quando começamos a falar sobre a história da nossa família.

No meu caso, o italiano que deu origem à nossa família no Brasil foi o meu trisnonno Giordano Barbiero.

Ele que teve a coragem – junto com a sua esposa Regina – de largar a vida difícil na Italia e atravessar o oceano rumo ao Brasil.

Foi a partir destas conversas que eu comecei a pensar na ideia de adquirir a cidadania italiana. Por ser o primeiro (e único) interessado na família, tudo ficou mais difícil.

Pior do que não ter o apoio dos familiares, era escutar deles as piadinhas e as mensagens de que nada daquilo daria certo, que era bobagem ou que eu nunca iria obter o reconhecimento da minha cidadania italiana.

Meu avô dizia que meu trisnonno era de Veneza. Uma tia-avó contou que ele veio de Belluno e minha avó jurava que era Pavia a cidade correta.

Naquele mesmo período, conheci o trabalho do Memorial do Imigrante em São Paulo, que entre outras coisas, disponibiliza ao público a pesquisa online no acervo deles, referente a lista dos imigrantes que passaram por lá.

Com muita alegria descobri que eles tinham o registro do Giordano, com a data do desembarque, a idade que ele tinha quando chegou ao Brasil e também a informação de que ele tinha ido com a sua esposa Regina.

Sem saber o que fazer com aquelas informações, e em uma destas grandes coincidências da vida, encontrei um primo de não-sei-quantos-graus no Orkut, que viu uma pergunta minha na comunidade de Família Barbiero e ali deixou uma mensagem com a cidade italiana onde o trisnonno Giordano tinha nascido.

No início de 2006 enviei um email para o Archivio de Stato de Padova, órgão responsável pelos registros militares, e depois de 20 dias recebi deles uma carta, com a ficha militar do Giordano – e dentre tantas informações, lá estava a data de nascimento, o nome dos pais e o local exato de nascimento dele.

O recebimento daquela correspondência que tinha vindo na terra do nonno, escrita naquele idioma maravilhoso, com todas aquelas informações dele, consolidaram o que antes era apenas um sonho: eu iria à Italia em busca do meu tão sonhado reconhecimento.

O PROJETO DA CIDADANIA ITALIANA TOMANDO FORMA

Já providenciada a certidão de nascimento do italiano comecei a correr atrás das certidões dos meus ascendentes brasileiros.

A forma mais simples é começar pela própria certidão de nascimento.

É importante lembrar que cada certidão que você tem em mãos, você consegue informações de duas gerações anteriores, pois na certidão consta o nome de seus pais e de seus avós, tanto maternos quanto paternos.

A certidão mais difícil de encontrar foi do meu bisnonno (filho do italiano) pois não se sabia ao certo que cidade ele havia nascido.

Mas com um pouco de persistência consegui todas as certidões.

Para saber o telefone dos cartórios das cidades onde eu necessitava das certidões, utilizei o site https://www.anoreg.org.br/site.

Com isto peguei o telefone do cartório, liguei, informei a data de nascimento dos meus nonnos e pedi para que me enviassem via SEDEX.

O custo médio das certidões foi de R$ 25,00 já com a taxa do SEDEX inclusa.

É possível pedir por carta simples mas demora mais para chegar (em torno de 15 dias)

O passo seguinte seria a certidão negativa de naturalização do meu trisnonno.

Em maio de 2006 enviei o pedido da CERTIDÃO NEGATIVA DE NATURALIZAÇÃO que peguei no site do Ministério da Justiça.

Preenchi e enviei pelos correios através de carta simples com AR – Aviso de Recebimento.

Não enviei ennhum documento do meu trisnonno, apenas uma xerox simples do meu RG.

No dia 21 de junho de 2006 recebi a certidão negativa em casa.

Durante este tempo comecei a estudar italiano por conta própria.

Comprei um curso chamado Tell me More e treinava todos os dias.

Com a ajuda de um microfone comecei a treinar também a pronúncia, pois o programa me permitia isso.

Além do programa comecei a assistir à RAI – Canal de TV italiana, mas confesso que não gostei da programação.

Um ou outro programa dá pra assistir em meio à programas de calouros, programas de culinária (engraçadíssimos) e concursos de miss.

Consegui também um pacote com mais de 300 livros em italiano e com eles comecei a me familiarizar com a escrita e as palavras.

Cada palavra que não entendia eu procurava no dicionário.

Nesta fase já tinha em mente minha idéia: eu iria para a Itália o mais rápido possível!!!

Como faltavam ainda a tradução e a legalização dos documentos comecei a me preparar rumo à Terra Nostra.

Tentando já me integrar com a cultura, adquiri os 10 episódios da série Roma, produzida pela HBO que fala do período de Pompeus e Julius Caesar.

Foi de fundamental importância para que eu pudesse entender um pouco da história de Roma antiga.

Uma dica é acessar a Rádio Itália – solo musica italiana na internet. www.radioitalia.it.

Enquanto trabalhava no computador eu escutava a rádio no fundo.

É impressionante como em pouco tempo começamos a entender cada vez mais a língua.

Foi aí que achei um curso realmente excepcional: Assimil – Italiano Senza Sforzo.

É um curso em áudio que contém 105 faixas começando com “Al telefono” e terminando com “Arrivederci”.

Junto a este curso comprei outro chamado “Curso de Memorização em MP3” que ensina como gravar várias palavras e frases.

Agora faltava apenas chegar na Itália, todo o resto estava encaminhado…

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0 Comentário

  1. Oi!Tu tens o email do Archivio de Stato de Padova?Estou com uma advogada correndo atrás da certidão do meu imigrante, mas ela acaba de me pedir mais uns trocados que não tenho!Há uma lista oficial de paróquias italianas também?Tens msn?Obrigada!Camilamilamori.blogspot.com

  2. Gostei de seu relato. Torço para que você tenha sucesso na Itália. Cada vez mais me convenço de que a única saída para os brasileiros é mesmo o aeroporto. Vamos deixar este país para os corruptos, só pra eles.Ainda estou por aqui, batalhando. Mas vejo que em breve tomarei o mesmo caminho que vc. resolveu trilhar. Dei entrada no consulado italiano em 2002, mas ainda não fui chamado para apresentar documentos. Qualquer dia destes pego toda a minha papelada, já regularizada e traduzida, e solicito a autenticação no consulado. Com isso me mando de vez para lá também, para solicitar o reconhecimento diretamente na Itália e viver definitivamente num país desenvolvido. Já morei no exterior (EUA) por um ano e meio e sei muito bem viver no meio dos gringos. Foi uma ótima experiência, da qual sinto saudades até hoje. Fui burro e retornei, mas na próxima oportunidade vai ser diferente.Boa sorte!

  3. ola Fabio tudo bem? um tio-avô meu que conseguiu fazer a cidadania pelo Brasil em 1988, disse que os documentos de meu nonno estao protocolados em

  4. Olá, Fabio!
    Minha avó materna era italiana, tenho todos os documentos dela em mãos (Certificado de Nascita, RNE, Certidão de Casamento, Certidão de Óbito). Ela nasceu em 1922, em Piedimonte Etneo/Catania e não se naturalizou brasileira. Minha mãe nasceu no Brasil em 1964 e não tirou a cidadania. Minha dúvida, lendo o seu relato, é: Sua mãe (ou pai, não sei) não precisou ter a cidadania reconhecida antes da sua? Vou ter que levar minha mãe para a Itália para que ela tenha a cidadania reconhecida e possa transmiti-la a mim? Obrigado! Abraço!

  5. Ola Fabio! muita bacana e inspiradora a sua historia, parece até a minha, especialmente quando você diz: “Por ser o primeiro (e único) interessado na família, tudo ficou mais difícil. Pior do que não ter o apoio dos familiares… “. me fez saber que nunca estive só e que não sou privilegiado de ter uma familia que pensa assim. Estou vivendo isso neste momento, pois nem sei se meus ascendentes são Italianos, mas algumas coisas indicam que sim, só que ninguém quer me fornecer informações sobre meu bisavô e trisavô tudo que sei até agora é que meu bisavô se chamava Syrillo Dorea, e que deve ter nascido no minimo em 1900 ja que meu avô nasceu em 1925, informação que roubei da certidão de nascimento do meu pai que inclusive mentiu sobre o nome do meu bisavô kkkkk. e o resto eu descobri ligando para cartórios, mas meu pai e tios dizem que nunca o conheceram, porém outro dia desses descobri algo hilário, que na verdade eles acham que minha busca é referente a algum tipo de HERANÇA e por isso omitem e até mentem sobre qualquer informação, acho que tem um inventario correndo nessa família kkkkk ah se minha mãe souber…Mas se ao final, essa busca for positiva vou voltar aqui pra dar meu depoimento e contar o inferno que to passando só pra saber quem eram as pessoas dessa família rs. Um grande abraço.

  6. Ciao Fabio, bon pomeriggio! Estou no inicio da minha busca e percebi q vc sempre fala a respeito da certidão de casamento do meu antenato. E se ele não tiver sido legalmente casado com minha avó? Pode me trazer problemas?

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