Eu não luto pra vencer. Luto pra ser fiel até o fim
Sexta-feira, 02 de setembro de 2022.
Eu estava voltando da cidade de Castel San Pietro Terme, na Emilia Romagna, depois de ter passado 3 dias participando do curso de atualização profissional “Dai Principi Generali Dello Stato Civile al Riconoscimento della Cittadinanza Iure Sanguinis: Come Fare per l’Ufficiale di Stato Civile (Dos Principios Gerais do Estado Civil ao Reconhecimento da Cidadania Italiana: Como os Oficiais di Stato Civile Devem Fazer)”
Conheci dezenas de oficiais di stato civile, almocei com vários deles, tomamos café juntos e, em um dos momentos mais dramáticos daquele momento, eu consolei em um abraço a oficial de um pequeno comune no Veneto.
Ela estava desesperada com medo de ser punida porque não dava conta de transcrever a enxurrada de certidões que já haviam chegado ao seu comune.
Segundo ela, até aquele presente momento, já haviam mais de 1000 certidões para serem transcritas, e estávamos ainda em agosto.
Um comune de pouco mais de 2000 habitantes, com apenas 2 funcionários no Ufficio Anagrafe e Stato Civile.
Um dos palestrantes convidados para este curso de atualização profissional foi um professor de direito privado da Università di Bologna.
O papel dele era ajudar os oficiais a se tutelar em relação à enxurrada de documentos, inclusive contra as ameaças descaradas de alguns advogados que escreviam de forma extremamente agressiva, com cobranças descabidas e, muitas delas, até irregulares, segundo vários relatos ali descritos de forma assustadora.
Enfim, eu sai daquele curso de atualização profissional desnorteado, triste com tudo aquilo e preocupado com o futuro da instituição cidadania italiana…
Lembro de pensar, enquanto dirigia: estão efetivamente matando a cidadania italiana.
Pessoas sem nenhum pudor, nenhum compromisso com a CIDADANIA ITALIANA, apenas interessadas em encher os seus bolsos, conscientes de que as coisas piorariam e, em um canibalismo indecente, resolveram “ganhar todo o dinheiro possível” antes de tudo ir pelos ares.
Na volta deste curso, parei em uma cidade próxima, onde moravam dois profissionais que haviam participado do meu programa de Mentoria FB.
Compartilhei o que eu tinha acabado de presenciar, o quão perplexo estava e esta foi a resposta que ouvi:
“Mas Fabio, essa é a nova realidade! Você não pode continuar romantizando a cidadania italiana, como se as pessoas ainda a buscassem como um retorno às origens. É fato que o mercado agora mudou, não é mais conveniente para as pessoas virem à Itália realizar o processo. A nova realidade é a via judicial tanto que é a via que estamos trabalhando, praticamente não realizamos mais processos presenciais na Itália, não vale a pena financeiramente pra nós.”
E terminou assim:
“Não há absolutamente nada que você possa fazer para mudar essa realidade, pois essa batalha que você trava, que parte desse reconhecimento romântico da cidadania, é uma batalha perdida.”
Voltei para casa e, durante as 2 horas de estrada até a Toscana, onde eu morava, percebi que ela tinha razão: eu jamais ganharia aquela batalha.
Foi então que eu me lembrei de uma frase de uma pessoa que admiro muito:
“Eu não luto pra vencer. Sei que vou perder. Luto pra ser fiel até o fim.”
Vocês entraram em sites como o Reclame Aqui, ou até mesmo nos perfis, sites e redes sociais de empresas e advogados que vendiam a tal cidadania judicial como a melhor coisa do mundo, nos últimos dias?
Chegaram a acompanhar alguma live de profissionais defensores dessa modalidade?
Se você não viu, uma atualização rápida:
1. Alguns simplesmente sumiram e não respondem mais os clientes;
2. Outros não sumiram, mas tiraram telefones e quaisquer formas de contato dos seus sites e perfis, dificultando o acesso à eles;
3. Outros estão dando piruetas em lives e vídeos, dizendo que não tinham ideia de que isso poderia acontecer, que não é culpa deles, que nada disso faz sentido e que já tem a solução (que aparentemente é adicionar ainda mais processos judiciais aos 60.000 que estão parados na Itália aguardando tramitação!);
4. Em sites como o Reclame Aqui, estão aparecendo verdadeiros horrores… Estamos descobrindo até alguns crimes, de acordo com os relatos que estão aparecendo a todo momento por lá. Gente descobrindo que assinou contratos e mandou todos os documentos há 3, 5, 6, 9 meses, e que nunca foram protocolados na Itália até a data do decreto;
5. E tem aqueles que, pasmem os senhores, estão literalmente xingando e ofendendo a Itália, xingando os italianos, xingando a cultura e, consequentemente, xingando e ofendendo o próprio conceito objetivo da cidadania italiana.
Lembra antigamente, quando uma mulher passava na frente de uma obra de construção e começava a ouvir coisas absurdas, como gracejos sexistas, assovios, e todo tipo de bizarrices?
E, ao não dar bola, os elogios automaticamente se transformavam em ofensas e tentativas de ridicularização?
Passavam do sua linda para sua baranga na velocidade cinco do créu.
Nesse momento de dor de muita gente, estamos acompanhando de camarote se materializar aquele ditado antigo que a gente escuta desde sempre, que diz que quando um barco está afundando, os ratos são os primeiros a deixar o navio.
Pois é, vivi para ver isso acontecer no mundo da cidadania italiana.
Gente que até ontem dizia que a Itália era linda e hoje já virou baranga.
Comprovando o que eu venho dizendo há tempos:
Nunca foi pela Itália.
Nunca foi pela cultura.
Nunca foi pelo resgate das origens.
Nunca foi pela gratidão aos nossos antepassados.
Nunca foi pela coletividade italiana.
Nunca foi pelo ato de ser verdadeiramente cittadino italiano.
Sempre foi, única e exclusivamente por dinheiro!
E por aqui? Como tem sido na minha empresa, nos meus programas, cursos e serviços?
Bom, meus alunos da Escola da Cidadania Italiana estão sendo orientados desde o início, inclusive os dois alunos que foram os mais afetados pelas mudanças, pois chegaram na Itália antes do decreto mas ainda não tinham protocolado os documentos.
Os profissionais atuais dos meus cursos de busca e consultoria na Itália também receberam as orientações profissionais e sabem exatamente como proceder neste momento.
As vendas do Manual Sagabook e do Guia Prático da Vida na Itália dispararam, assim como as matrículas da ECI também, pois as pessoas estão querendo ajuda para entender como lidar com tudo isso.
E, depois da live que eu fiz no nosso canal do Youtube, eu recebi tanto carinho, que me fez chorar inúmeras vezes ao longo dos últimos dias.
Aliás, no momento que estou escrevendo estas palavras, meus olhos se enchem de lágrimas novamente.
Mas não são lágrimas de dor, tristeza ou muito menos de preocupação.
São lágrimas de orgulho.
Que baita orgulho eu tenho de mim!
Que baita orgulho que eu tenho dos meus princípios.
Que baita orgulho que eu tenho das minhas ações.
Que baita orgulho que eu tenho em procurar sempre fazer aquilo que eu considero justo e correto, mesmo ouvindo que eu devo desistir, pois “jamais vou vencer”.
Que baita orgulho que eu tenho em saber a minha luta é pelos meus princípios, pois eu luto pra ser fiel até o fim.
Sem tirar nada do outro, pois aquilo que é meu e me pertence, sempre vai vir.
Cada um colhe aquilo que planta. Hoje tem pessoas que estão se descabelando e, provavelmente, vão gastar mais dinheiro pagando os danos causados do que ganharam de forma amaldiçoada, enganando as pessoas.
E tem aqueles que estão dormindo tranquilamente, pois sabem quem são, o que fazem e que acreditam verdadeiramente na lei do retorno e da semeadura.
Acreditem: no final, o bem sempre vence!
E falando nisso, saber que eu tenho uma comunidade gigantesca, de pessoas que vibram na mesma frequência e que compartilham dos mesmos valores que os meus, é imensurável.
A todos vocês:
Obrigado, obrigado, muito obrigado!
Fabio Barbiero
Princípios e valores. Simples assim. Estamos juntos nessa jornada.
👊👊👊
Tudo isso passará. É simples, quem planta colhe. Lutaremos juntos pela nossa dignidade, pela honra dos nossos antepassados!
Tudo isso passará. É a lei da semeadura, quem planta colhe. Lutaremos juntos pela nossa dignidade, pela honra de nossos antepassados!
Infelizmente, muitas pessoas puxaram a corda com muita força e ela acabou quebrando. Dezenas de milhares de passaportes italianos emitidos para pessoas que não falam uma única palavra de italiano, que não mantiveram nenhum vínculo com a Itália, que não querem viver e trabalhar na Itália, mas que querem um passaporte para fazer compras em Miami sem visto, tendo que ser assistidos em caso de necessidade pelos consulados às custas dos verdadeiros italianos. Mais cedo ou mais tarde essa distorção tinha que acabar e acabou.
Purtroppo in molti hanno tirato troppo la corda ed alla fine la corda si è spezzata. Decine di migliaia di passaporti italiani rilasciati a persone che non parlano una sola parola di italiano, che non hanno mantenuto alcun legame con l’Italia, che non vogliono vivere e lavorare in italia ma che vogliono un passaporto per andare a fare shopping a Miami senza visto, dovendo in caso di necessità essere assistiti dei consolati a spese dei veri italiani. Prima o poi questa stortura doveva finire ed è finita.
Eu vou ser sincero: comecei o meu processo de cidadania italiana com o objetivo de ter uma rota de fuga no Brasil ao ficar claro o cenário político e econômico do país e a cidadania italiana fiquei convencido que meu “best shot” seria a cidadania italiana e admito que o interesse era no passaporte e não sobre as raízes nem nada disso ( sem “romantismo” ), a intenção seria usar o passaporte e ir para um país que oferecesse as melhores condições de trabalho na Europa.
Daí comecei a pesquisar sobre a história da Itália, cultura, clima, culinária, comecei a aprender o italiano e.. hoje estou “romantizado” com a Itália, quero muito poder contribuir e retribuir a cidadania italiana ( que se tudo ocorrer bem deverá ser reconhecida no ano que vem ). Entendo hoje que ser cidadão italiano será um privilégio e demanda da minha parte uma consciência e vontade de retribuir ao país de alguma forma pelo título.
Enfim, tenho muito o que aprender sobre a Itália, mas o que u quero dizer é que não é necessariamente o instrumento utilizado que traz a vontade de ser um cidadão italiano efetivo, mas sim a sua própria conscientização sobre a questão; algo bem pessoal mas que as informações corretas podem ajudar a moldar o sentimento pelo país.
Posso dizer hoje que amo a Itália mesmo que o governo dê um jeito de bloquear minha cidadania ( com audiência marcada na Giustizia Civile ), acompanho notícias sobre o pais e busco me inteirar cada vez mais sobre a história, cultura, continuo aprendendo e evoluindo nos estudos do idioma e tudo o mais que eu posso sobre a Itália e seu povo. Assim enfatizo mais uma vez a minha humilde opinião de que independente da forma de reconhecimento, é possível criar um sentimento positivo aos requerentes de cidadania italiana, potenciais cidadãos italianos
Esse decreto é uma aberração jurídica e moral. Faz sentido as pessoas se revoltarem, inclusive aqueles que já tem a cidadania (morando na Itália inclusive, ou que já moraram na Itália por longos períodos e hoje estão em outro país). Filho de italiano não ser italiano porque nasceu em outro país é uma indecência. Lembro que Espanha e Portugal tinham esse mesmo dispositivo é o aboliram porque é absolutamente anacrônico e gerava inúmeros problemas jurídicos, inclusive na Corte Europeia de Justiça.
Bom dia Fabio. Desde o primeiro dia que te encontrei em uma pesquisa no Google sobre Cidadania Italiana, em 2013 ou 2014, não me recordo ao certo, não te abandonei mais, justamente por seus princípios, por suas ações, por fazer o justo e o correto. O que estamos vendo acontecer com a Cidadania Italiana, não foi surpresa para mim e nem para sua saga tribo, você nos avisou varias vezes. O agradeço e parabenizo por você resistir, sendo integro, ético e ensinando a fazer o certo. Orgulhe-se muito mesmo, seu legado já é imenso! Que sua vida e seus projetos sejam mais e mais abençoados🌷.